Valdoxan

Tomo, não tomo, tomo, não tomo... Assim como foi com os outros medicamentos, com o Valdoxan não poderia ter sido diferente. O medo dos efeitos colaterais me fizeram pensar e repensar se eu iria começar a toma-lo.  Resolvi arriscar e, após duas tentativas medicamentosas, essa terceira finalmente deu certo. É um antidepressivo que age nos receptores da melatonina (hormônio do sono), ou seja, próprio para insônia. Quase não tive efeitos colaterais. Apenas no primeiro dia que senti muita sonolência, um apagão de segundos (que fez com que uma colega do trabalho ficasse rindo horas da minha cara), taquicardia, falta de apetite (pena que foi só no primeiro dia), enjoo e sensação de ser um zumbi. Nada de mais. Nada que eu já não tenha sentido nas crises de ansiedade e com os outros medicamentos, só que com uma intensidade muito pior. Valeu a pena insistir, no segundo dia já não senti mais nada. O efeito foi quase tão bom para o sono quanto o do alprazolan. Posso definir esse quase inicial como 30% do efeito do alprazolan, o que é ótimo, considerando que esse não tem os efeitos colaterais pesados, não causa dependência, posso tomar um bom vinho, o que torna o efeito ainda melhor, e me deixa bem mais tranquila. O efeito “que se dane” é igual ao dos outros antidepressivos, o que o torna quase perfeito. Para perfeição faltava apenas acelerar o metabolismo. Equilibrar o nível de preocupação diária não tem preço. Comecei a perceber o quanto aos outras pessoas são ansiosas e vivem com pressa, do jeito que eu estava no dia da primeira consulta com o psiquiatra. Hoje não tenho pressa para quase nada mais.

Mês passado viajei a trabalho para fazer um curso. No primeiro dia de curso, quando desci do metrô, consegui perceber a pressa das pessoas subindo as escadas para chegarem ao seus destinos. “Caramba! Será que isso tudo é motivação para trabalhar?” Claro que não, isso tudo é apenas ansiedade, imperceptível pela maioria, assim como era para mim. As pessoas ligam o automático, se esquecem do mundo ao redor, focam apenas na correria que imaginam ser normal no dia a dia e nada mais importa além de chegar rápido ao seu destino imediato. E, infelizmente, poucas conseguem “acordar” para a verdadeira realidade.